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Cadeira 5 - DR. MANOEL DIAS DE ABREU

(1891-1962)

 Nasceu em São Paulo, capital. De acordo com documentos oficiais, como certidão de casamento civil e religioso e registros do Cemitério da Consolação, Manoel de Abreu nasceu em 1891, como consta em vários relatos.

Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1914. Dedicou-se à radiologia. Passados dois anos de estudos, transferiu-se para a França onde se tornou diretor do Laboratório de Radiologia da Santa Casa de Paris.

Em 1917, iniciou suas pesquisas sobre fotografia de pulmões no Hospital Franco-Brasileiro, em Paris, instituição que teve relevante papel assistencial na Primeira Guerra Mundial, onde atuou uma equipe de numerosos médicos brasileiros voltados ao atendimento a militares feridos.

Após esse período de guerra, ainda na França, trabalhou no Hospital Laennec. Em 1921, publicou o estudo Radiodiagnóstico na Tuberculose Pleuropulmonar, obra pioneira sobre radiologia de lesões pulmonares.

Em 1922, retornou ao Brasil e assumiu a direção do Departamento de Raios X da Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose, no Rio de Janeiro. À época, registrava-se na cidade grande número de casos da doença. Os exames convencionais eram caros e inacessíveis a grande parte da população. Naquela instituição, Abreu intensificou suas pesquisas de radiografias do tórax, mas obteve resultados questionáveis tendo em vista diversas dificuldades operacionais.

Em 1935, com o apoio do aperfeiçoamento dos aparelhos radiográficos, continuou com suas experiências científicas no Hospital Alemão, Rio de Janeiro. Em 1936, descobriu que a radiografia do tórax, fotografada da tela radioscópica, constituía um método eficaz de avaliação, com baixo custo, e propiciava mais facilidade para diagnosticar precocemente tuberculose, câncer e outros tumores pulmonares, bem como avaliar lesões no coração e nos grandes vasos, o que resultou em tratamentos com melhores resultados e agendas de prevenção mais abrangentes.

Ainda em 1936, a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro reconheceu a grande utilidade da invenção e designou-a abreugrafia, método que foi reconhecido e adotado mundialmente. Em 1939, o Congresso Brasileiro de Tuberculose tornou oficial o nome abreugrafia, que foi aprovado depois pela União Internacional Contra a Tuberculose. A inovação teve outros nomes em diferentes países — schermografia na Itália, roentgenfotografia na Alemanha, fotofluorografia na França, microrradiografia em Portugal.

A abreugrafia veio a ser requisito para o ingresso nas escolas e nas universidades, para o alistamento militar e para o ingresso em empregos diversos.

O inventor do exame foi indicado ao prêmio Nobel em 1950 e em outras ocasiões. Apesar de sua invenção ter trazido desenvolvimento científico e amplos benefícios comunitários, sobretudo no âmbito internacional, jamais foi laureado com aquele prêmio. Outros processos radiográficos surgiram com o passar dos anos, visto ser muito alto o grau da radiação usada na abreugrafia.

Abreu lecionou Radiologia em numerosas instituições científicas do Brasil e do exterior; foi membro de sociedades médicas entre as mais respeitáveis do mundo; foi detentor de numerosos prêmios, como Cavaleiro da Legião de Honra, na França, e medalha de ouro outorgada pelo Colégio Americano de Médicos do Tórax, dos Estados Unidos, em 1950, como Médico do Ano.

No cenário da medicina e da pesquisa científica, publicou — Ideias Gerais Sobre o Radiodiagnóstico na Tuberculose, Estudos Sobre o Pulmão e o Mediastino, Nova Radiologia Vascular e Radiologia do Coração. Abreu também publicou obras poéticas — Substâncias, ilustrada por Di Cavalcanti, e Poemas sem Realidade, ilustrada por ele próprio.

Faleceu em 1962 aos 71 anos de idade, de morte causada ironicamente por câncer pulmonar, talvez motivado pelo hábito de fumar, que manteve por longo tempo.

Em 1963, seu nome foi alçado como patrono na fundação dos órgãos representativos discentes da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. O Colégio Estadual Manoel de Abreu, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro, também traz seu nome. No Brasil, em memória de Manoel Dias de Abreu, o dia 4 de janeiro tornou-se Dia Nacional da Abreugrafia.

Em maio de 2012, a Sociedade Paulista de Radiologista, em homenagem aos cinquenta anos da morte de Manoel de Abreu, lançou a biografia O Mestre das Sombras — um Raio X Histórico de Manoel de Abreu, de Oldair de Oliveira, jornalista e historiador.

Entre grandes vultos da medicina brasileira, como Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Vital Brazil, Manoel de Abreu também alcançou essa consagração, tendo em vista sua relevante história de realizações.

(Fontes: Academia Nacional de Medicina, on-line: http://www.anm.org.br/conteudo_view.asp?id=559&descricao=Manoel+de+Abreu+(Cadeira+No.+84); https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Dias_de_Abreu)