PALAVRAS DO ACADÊMICO EDNO MAGALHÃES  AO ASSUMIR A  PRESIDÊNCIA DA ACADEMIA DE MEDICINA DE BRASÍLIA – AMeB, 

NO DIA 07 DE ABRIL DE 2014 NA SESSÃO SOLENE DE POSSE DA DIRETORIA BIÊNIO 2014 – 2016, NO AUDITÓRIO DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA – CFM 

Saudação aos Presentes

 Nos estatutos da Academia de Medicina de Brasília, fundada em 18/10/1989, constam as suas finalidades e dentre elas pode-se ler:

2.  “...estimular e contribuir com críticas construtivas com o poder público nas atividades de saúde, cultura, educação médica, ciência e tecnologia.”

3. Às vésperas de assumir a honrosa função a mim delegada pelos demais membros desta Academia, me achei num interessante devaneio no qual conversava com o poeta Carlos Drummond de Andrade.

4. A conversa girava em torno da atual situação em algumas partes do mundo e de palavras escritas, certa feita por Drummond, ao desejar um feliz ano novo para alguém.

5. Dizia o Poeta: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano foi um indivíduo genial.

   Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

 Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente...”

6.   Dizia eu para o poeta:

7.  Caro Drummond, o mundo mudou muito desde que você nos deixou em 1987. Você acredita que a esperança quase se exauriu, que o milagre da renovação praticamente não existe mais, e poucos acreditam pelo mundo afora que adiante vai ser diferente?

8.  E o pior de tudo, caro poeta, é que os problemas, principalmente nos países ditos “em desenvolvimento”, estão presentes em todos os setores da sociedade, como na Medicina, na Economia, na Administração Pública, deteriorando as condições de vida da população e destruindo a esperança sobretudo daqueles que vêem em determinadas instituições públicas a “luz no fim do túnel” para tornar este um mundo melhor.

9.   E, num estalo, saí do meu devaneio pelo qual peço desculpas. Afinal de contas, quem mandou sonhar?

10. Voltando às finalidades da Academia de Medicina, me permito dizer aos senhores que no nosso País, creio eu, as coisas não estão como aquelas do devaneio. E não estão porque aqui existem homens e mulheres que não permitirão jamais que lhes sejam negados ou desrespeitados direitos fundamentais como saúde, liberdade de expressão e segurança, direitos esses assegurados pelo maior patrimônio imaterial deste País, a nossa Constituição Federal que, no dizer do ilustre jurista Ministro Carlos Ayres Britto, “é a primeira e mais importante voz do Direito aos ouvidos do povo.”

11. Me refiro, Senhoras e Senhores, a cidadãos brasileiros como aqueles que assinaram o Projeto de Lei de Iniciativa Popular em tramitação na Câmara dos Deputados, estabelecendo que 10% das receitas correntes brutas da União sejam destinadas para o setor de saúde.

12. E por que num país em pleno desenvolvimento, com uma economia pujante, capaz de emprestar recursos para outras nações e abrigar eventos esportivos de abrangência mundial não haveria recursos para a saúde? A resposta não é muito difícil e muito menos desconhecida: trata-se de uma doença insidiosa e de grande malignidade: a corrupção. E me reporto mais uma vez ao Ministro Carlos Ayres Britto, em palestra recente na nossa Academia: “o dinheiro que sai pelo ralo da corrupção é o mesmo que falta para financiar direitos fundamentais como a saúde.

13. As Academias de Medicina são como os olhos e ouvidos da sociedade. Elas sabem que corrupção, má gestão financeira e insegurança destroem o bem maior da sociedade: a própria vida.

14.  Senhores e Senhoras que me ouvem, por que então aceitar o desafio e querer presidir uma entidade como a Academia de Medicina de Brasília?

15. Porque acredito no Brasil, acato as finalidades da Academia, respeito muito a sua composição, e com o propósito de atuar na busca de ações pacíficas, colaboração ativa e persistente com entidades como Sindicato Médico, Conselhos Regional e Federal de Medicina, bem como Associações Médicas Brasileira e de Brasília na busca do cumprimento de nossas finalidades precípuas.

16. A Academia de Medicina de Brasília possui um quadro de membros acadêmicos que, sem nenhum favor, merece o tratamento de ilustre. São mulheres e homens que, tendo abraçado a Medicina como profissão, escolheram a cidade de Brasília, não só para viver, mas também como o berço dos seus filhos e netos. Todos esses cidadãos doaram grande parte das suas vidas ao progresso desta cidade, também fundada por um médico, o ilustre e saudoso presidente Dr. Juscelino Kubtscheck de Oliveira.

17.  A grandiosa maioria, senão a totalidade dos nossos acadêmicos, prestou e ainda presta grande e importante colaboração à saúde pública, ao ensino da Medicina, à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico de Brasília. Poderiam estar descansando tranquilamente, mas eles sabem que a sua atuação concorre ainda mais para o diferencial de nossa cidade – qualidade de vida!

18. Senhoras e Senhores, pretendemos que a atuação coletiva, colaborativa e persistente seja o norte da gestão que ora se inicia!

Muito Obrigado!