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Pandemia Covid – 19 

Posicionamento da Academia de Medicina de Brasília (AMeB)

 

Caros confrades:

As profundas transformações e melhorias no combate às diversas doenças verificadas ao longo do século passado trouxeram a boa parte da humanidade uma falsa sensação de segurança e conforto. As populações passaram a banalizar, ou até mesmo a desprezar aquelas patologias, como se tivéssemos pleno controle sobre o nosso destino e as forças da natureza. Sabemos que não é assim. Basta dizer que vimos surgir nas últimas décadas a eclosão de doenças como AIDS, Chikungunya, Zika, Ebola, Febre do Oeste do Nilo, Febre de Lassa, Marburg, Superbactérias, Influenza, etc., as quais provavelmente continuarão a assombrar a humanidade com maior ou menor intensidade ao longo dos próximos anos.

A atual pandemia do Covid-19, uma entidade de alto contágio, rápida propagação e  letalidade em torno de 2%, trouxe enorme ansiedade aos brasileiros e um complexo problema logístico às suas autoridades. Estamos diante de uma situação inusitada a ser enfrentada, especialmente pela possibilidade de ser exaurida a capacidade instalada de atendimento da rede de saúde. No curto intervalo de tempo em que foi avaliada, muitas respostas já́ foram dadas e algumas plausibilidades levantadas, mas as novas informações sobre a doença se propagam em questão de dias e talvez daqui a poucas semanas estejamos, graças a novos conhecimentos adquiridos, com outros enfoques e (in)certezas. Como médicos e acadêmicos, temos o papel de conduzir e orientar a nossa população, mas também temos dúvidas e incertezas nesse momento pelo qual passamos e estamos, da mesma forma, à procura do melhor caminho.

A Academia de Medicina de Brasília reconhece o impacto socioeconômico da pandemia, sobretudo na manutenção do emprego e no bem estar das famílias, mas a intensidade das medidas de isolamento depende da evolução da doença e pode demandar ações diferentes conforme o momento epidemiológico vivido. Por sermos e termos posição primordial no combate à doença já instalada no nosso meio, nos dirigimos a todos vocês conclamando-os à prudência, principalmente no que tange à orientação de pacientes, familiares, amigos e relacionamentos da convivência de cada um; faz-se necessária, para a superação da crise, que se pratique o equilíbrio, para que não sejamos os que transmitem o medo e nem apontemos o futuro com otimismo extremado.

Entendemos que cabe exclusivamente ao Estado brasileiro, por meio de seus poderes constituídos, a formulação e coordenação das ações intersetoriais voltadas ao enfrentamento dessa emergência sanitária. Entendemos também que os balizamentos oriundos das pesquisas e estudos epidemiológicos devem ser as matrizes referenciais que orientem as linhas de cuidado voltadas à prevenção e assistência  à nossa população. Precisamos, mais do que nunca, de estar em harmonia com as demais entidades médicas, de modo que não surjam vozes dissonantes ou contraditórias que possam nos levar a perder credibilidade junto à população. É hora de se construir consensos nos níveis distrital e federal, que além de aumentarem a eficácia das medidas sanitárias, proporcionem estabilidade psicoemocional à população, contribuindo para a paz social.

Assim sendo, a Diretoria Executiva da Academia de Medicina de Brasília (AMeB), em face da pandemia do Covid-19, apoia integralmente as orientações emanadas do Ministério da Saúde do Brasil e, da mesma forma, da Organização Mundial da Saúde/OMS.

Cordialmente,

A Diretoria

Brasília, DF, 29 de março de 2020