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Encerramento do Ano Acadêmico (Biênio 2020 – 2021)

 

27 de novembro de 2021

 

 

Boa noite a todos!

Agradeço a presença entre nós dos Drs. Ognev Cosac, presidente da AMBr e do Dr. Carlos Fernando da Silva, secretário geral da FENAM e vice-presidente do Sindicato dos Médicos do DF.

Queridas confreiras e caros confrades da Academia de Medicina de Brasília: a Diretoria que está encerrando o mandato que lhe foi conferida há quase quatro anos, agradece por celebrarmos juntos esta noite tão especial. Sejam todos muito bem vindos.

Ao assumirmos a responsabilidade de guiar os destinos da nossa instituição no já distante ano de 2018, tínhamos como principal objetivo transformar expectativas em realidades. Para tanto, precisamos deixar o confinamento das nossas salas e reforçar, com o apoio das demais entidades médicas, nossa presença em muitos outros fóruns.

Com a Associação Médica de Brasília (AMBr), mantivemos uma profícua parceria, participando pontualmente do seu programa de educação continuada e fazendo parte efetiva do corpo editorial da revista Médico em Dia, na qual a AMeB tem uma página aberta a todos os seus membros. Estamos também colaborando para o ressurgimento da Brasília Médica, o principal veículo que os médicos desta cidade dispõem para divulgar suas pesquisas.

Fomos apoiados pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) na promoção de uma grande retrospectiva sobre a atuação do SUS no Distrito Federal ao longo de seus 30 anos de existência, na qual um painel de especialistas, das mais variadas áreas ligadas à saúde, avaliou as ações passadas, as condições presentes e as perspectivas daquele Serviço para o futuro.

Com as demais entidades médicas procuramos e fomos recebidos pelos poderes Executivo e Legislativo, oferecendo sugestões e solicitando explicações por tomadas de decisões que ao nosso ver penalizavam o bem estar da população ao mesmo tempo em que prejudicavam o exercício da nossa atividade profissional. Participamos, da mesma forma, da formação de futuros colegas, divulgando o papel e importância da Academia junto a estudantes das diversas escolas de medicina da nossa cidade. No plano nacional, voltamos a participar da Federação Brasileira das Academias de Medicina (FBAM), onde ocupamos atualmente a vice-presidência da regional centro-oeste dessa instituição.

Aumentamos o número de nossas cadeiras – temos conosco mais cinco acadêmicos titulares que escolheram como patronos colegas que honraram e dignificaram a medicina de Brasília no passado e com quem tivemos durante muitos anos, o prazer de conviver e aprender. Foram eles os Drs. Edson Porto, pediatra, ex-diretor do HRAS e primeiro médico a se instalar em Brasília; Isaac Barreto Ribeiro, cirurgião e primeiro presidente da Associação Médica de Brasília; Miguel Paes de Carvalho, urologista e como o Dr. Isaac, ex-presidente da AMBr; Ady Prates Flores, chefe da unidade de cardiologia e diretor do 1º Hospital Distrital de Brasília de 1967 a 1970 e Milton Rabello Filho, chefe da unidade de cirurgia do mesmo hospital e seu diretor entre 1975 e 1977. Ao Dr. Milton Rabello o Acad. Emérito Dr. Hélcio Miziara dedicou o livro que escreveu sobre o nosso antigo  Hospital Distrital de Brasília, o qual já foi distribuído entre nós. Passamos também a ter honra de contar em nossos quadros com um membro honorário, o Dr. Eudes Fernandes de Andrade, referência em urologia na nossa cidade e que ainda hoje será formalmente empossado.

Com o apoio institucional da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, comandada pelo maestro Cláudio Cohen, celebramos o trigésimo aniversário de fundação da Academia. Além daquele inesquecível concerto, a data foi comemorada com a publicação de um livro – acompanhado por uma estatueta representando Asclépio, o deus da medicina na mitologia grega – contendo os perfis de seus membros titulares e eméritos. Essa estatueta passou a representar desde então o símbolo do nosso prêmio científico anual, o qual foi recentemente outorgado aos professores e pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, os Drs. Riccardo Pratesi e Lenora Gandolfi. Um segundo livro, referente ao cinquentenário de graduação da Primeira Turma de Médicos formada pela Universidade de Brasília (UnB), foi editado e publicado ao final do ano passado. Os dois volumes foram também distribuídos às academias e faculdades de medicina de todo o Brasil.

Infelizmente, tivemos também nosso quinhão de insucessos. Em consequência das medidas sanitárias adotadas a partir de março de 2020, suspendemos todas as atividades presenciais programadas pela AMeB, as quais apenas hoje estão sendo retomadas. Quase dois anos se passaram sem que a Diretoria, que se reuniu religiosamente de modo virtual semana sim, semana não ao longo desse período, pudesse voltar a desfrutar da companhia dos demais confrades e confreiras.

Entre esses insucessos, tivemos que cancelar o curso sobre a História da Medicina, o qual já havia sido credenciado pela Associação Médica Brasileira. Esperamos que a próxima Diretoria, que toma posse em março do próximo ano, consiga colocá-lo em prática, intercalando seus módulos às nossas sessões plenárias. Nossos esforços junto ao GDF para a doação de um imóvel pleiteado ainda na administração anterior, não foram levados em consideração, assim como também algumas das nossas sugestões para amenizar a sempre precária situação dos serviços de saúde oferecidos à população de Brasília. 

Adversidade muito maior porém, foi a perda de amigos fraternos, verdadeiros pilares da nossa instituição. Renato Maia, Odílio Silva e Jofran Frejat, no ano passado e Jair Evangelista da Rocha, José Carlos Quinaglia e Silva, Antônio Márcio Junqueira Lisboa (nosso fundador), Geraldo Damião Secunho e Mário Pedro dos Santos, neste ano, se foram. Junto às suas famílias e amigos ainda estamos chorando por eles, mas por conta da sólida formação médica, do prazer em ensinar, da retidão do caráter, da gentileza no trato, na grandeza do coração e no carinho para com o próximo deles, nos serve de consolo saber que não se foram completamente. São imortais de direito e de fato e permanecerão para sempre em nossos pensamentos: suas cadeiras serão ocupadas por colegas que possuirão o mesmo tipo de DNA e obedecerão aos mesmos paradigmas estabelecidos por eles.

Nesses duros tempos vivemos à sombra da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Vários dos nossos membros expressaram opiniões sobre e sugeriram caminhos para o enfrentamento da Covid-19. Termos como “aglomerações, azitromicina, cloroquina, cepas, curvas de achatamento, distanciamento social, lockdown, máscaras, testes, tratamento precoce e vacinas”, entre outros, tornaram-se corriqueiros entre aqueles que defendiam o apoio a essa ou àquela conduta.

Não podia ser de outra maneira, pois a Academia – embora guiada pelo duplo paradigma da ciência e da ética, é uma instituição plural e abriga em seu seio uma grande diversidade de opiniões: nossas experiências são distintas, múltiplas são as nossas especializações, e estávamos diante do óbvio fato dessa virose ser uma infecção até então desconhecida, longe, portanto, de poder ser completamente decifrada em tão exíguo espaço de tempo. Como dizia William Osler, considerado por muitos como o pai da medicina moderna e um dos cofundadores do Johns Hopkins Hospital, uma das instituições de referência na luta contra essa virose,

“Nenhum ser humano é concebido para conhecer a verdade, toda a verdade e nada mais que a verdade; mesmo o melhor dos homens deve se contentar com fragmentos, com vislumbres parciais, nunca com seu conhecimento completo.”   

Mas também sabemos “que momentos marcados por preocupações quanto ao colapso do sistema de saúde e a um aumento alarmante do número de  contaminação e mortes, exigem não apenas mudanças no comportamento social, mas também na construção de reflexões. Afinal de contas, a eclosão de uma pandemia nas proporções da atual não representa apenas um fenômeno biológico – tem implicações na nossa cultura, na economia, nas relações internacionais e em mecanismos ideológicos. E entendemos  também que a saída, além de precisar passar obrigatoriamente pela ação do Estado, deve ser necessariamente coletiva”.

Nesse sentido, vimos com satisfação que o conhecimento acumulado nos dois últimos anos gerou protocolos de cuidados e tratamentos que aumentaram a confiança nas recomendações que visavam, essencialmente, à diminuição da circulação do vírus. Os resultados dessas condutas, especialmente a vacinação em massa da nossa população, são agora evidentes: queda no número de contaminações, internações e mortes. E a bem vinda possiblidade de finalmente podermos nos reunir em segurança.  

Por fim, e antes de diplomar o Dr. Eudes, quero agradecer a todos os demais membros da nossa Diretoria. Nesses últimos quatro anos trabalhamos num sistema colegiado e em absoluta harmonia, o que só foi possível graças à generosidade, confiança e apoio incondicional dos confrades e confreiras à nossa administração. Ao deixarmos o posto que tanto nos honrou, reiteramos a força dos laços que nos unem. Essa união é, e continuará sempre sendo, o coração e a alma da Academia de Medicina de Brasília.

A todos o nosso mais sincero muito obrigado!

 

Marcus Vinicius Ramos

Presidente da AMeB