“A literatura permite uma visão mais geral do contexto social, além de dar acesso a diversos perfis psicológicos do paciente.

O profissional passa a conhecer melhor o doente.”

A paixão transformada

A interface entre literatura e medicina também era defendida pelo médico e escritor Moacyr Scliar. “São duas  atividades que têm em comum o interesse pela condição humana. A experiência médica pode dar muito para a atividade literária e esta, por sua vez, desenvolve uma sensibilidade que a medicina tende a perder por seu aspecto tecnológico”, afirma Scliar no livro “A paixão transformada”.

 O principal desafio, cada vez mais urgente em uma época onde os usos que se faz da tecnologia podem acentuar ainda mais a assimetria entre o médico e o paciente, é contrapor ao ensino meramente tecnicista, inserindo, no currículo do ensino médico e de carreias afins o que se convencionou chamar “humanidades médicas”, que seriam capazes de forjar no aluno um perfil de profissional e de ser humano habilitado no trato com os outros.

 “Os alunos das escolas médicas e dos demais centros de saúde são saturados de ensinamentos técnico-científicos, até mesmo de boa qualidade, mas a formação de caráter humanístico, importantíssima para todos os profissionais que lidarão com o ser humano, fica muito a dever e, pode-se dizer, é negligenciada. É exatamente este saber que proporcionará ao futuro médico a compreensão e o respeito pelo outro”, argumentam Barreto e Santos Real.

 

Texto extraído da Revista MEDICINA, CFM – Revista de humanidades médicas. Pág. 24-25. N. 3 setembro/dezembro 2013