PALESTRA
O MODELO HOLÍSTICO DO ENSINO DA MEDICINA*
(Sessão Solene de Outorga de Título de Emérito – 18/06/2013)
ACADÊMICO ANTÔNIO MÁRCIO J. LISBÔA
Sou filho, sobrinho e neto de médicos. Fui testemunha de quanto os médicos eram queridos pela população.
Hoje, com 86 anos, preocupa-me a queda do prestígio dos médicos. O distanciamento crescente da comunidade. O escasso tempo dedicado às consultas. A relação médico-paciente, fria. A burocracia, as filas, o paciente se tornar um número ou uma guia. O ato médico chegou a ser definido como “o encontro de uma necessidade com uma burocracia”. Na medicina liberal, como “o encontro de uma confiança com uma consciência”.
O médico culpa a instituição pela situação, que, por sua vez, culpa o médico. O usuário se queixa de ambos e se sente prejudicado, inseguro, desprotegido. Um clima de desconfiança permeia nosso relacionamento com os pacientes. Médicos são agredidos e até assassinados.
Mas, não foi sempre assim. Como eram vistos os médicos do século passado pela população?
Xavier Lisboa, meu avô, não dispunha de exames complementares. Irineu Lisboa, meu pai, e Gaspar Lisboa, meu tio, já contavam com alguns recursos, porém, infinitamente menores que os atuais. Apesar disso, foram pessoas queridas pela comunidade, notáveis como médicos e como cidadãos. Foram exemplos comuns do como eram os médicos naquela época.
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