A HISTÓRIA DA MEDICINA DE BRASÍLIA CONTADA PELA ACADEMIA

 

dr ednoAcad. Edno Magalhães (Cadeira 10)

Parte 3

 

Além dessas atuações, duas outras muito me honraram, pela participação na história da medicina de Brasília. Por duas vezes fui convocado, uma das vezes pelo então Secretário de Saúde e outra pelo próprio Governador do Distrito Federal, para assumir a direção geral do Hospital de Base do Distrito Federal.

Na primeira vez deram-me como tarefas principais, instalar e pôr em funcionamento aparelhos adquiridos e encaixotados há 4 anos. Entre eles, um tomógrafo computadorizado (que foi o primeiro da Secretaria de Saúde do Distrito Federal), e componentes digitais para funcionamento da hemodinâmica e dos exames de mamografia. Passei muitas horas respirando poeira dentro de obra, mas coloquei em funcionamento esses equipamentos, que tanto atormentavam a cúpula da Secretaria de Saúde. Ocorrendo mudança de governo no Distrito Federal e na Secretaria de Saúde, pus o cargo à disposição e voltei para as salas de cirurgia.

A segunda foi quando tínhamos no Hospital de Base, como anexo, uma grande construção que se destinava a instalação de um novo Pronto Socorro, pois o antigo estava em situação tão precária que era carinhosamente apelidado pelos plantonistas de “chiqueirão”. Ali seriam instalados um novo centro cirúrgico, com 11 salas de cirurgias e espaço para amplas salas de recuperação, área para internação de pacientes de transplantes, área também para internação de pacientes da neurocirurgia e novas e amplas áreas para a UTI e uma unidade coronariana.

Por questões políticas, apesar de praticamente pronta a obra física, a área não era concluída e posta em funcionamento. Por incrível que pareça, havia sabotagem de todos os tipos possíveis e imagináveis. Essa situação incomodava bastante o Governador em exercício do Distrito Federal. Como tínhamos amigos em comum, ele sabia que eu estava querendo ir para São Paulo concluir o meu Doutorado.

Convocou-me um dia ao seu gabinete e me fez uma desafio: “Você assume o Hospital de Base, termina aquela obra e a coloca em funcionamento, inclusive com instalação de um novo tomógrafo no Pronto Socorro. Feito isso, eu lhe concedo a licença para ir a São Paulo terminar o seu Doutorado”. Topei a proposta, concluí as obras e inaugurei o prédio com a presença do Governador e do Ministro da Saúde dentro do prazo que me concederam e fui concluir o meu Doutorado em São Paulo, na UNIFESP.