A HISTÓRIA DA MEDICINA DE BRASÍLIA CONTADA PELA ACADEMIA

 

                                                                             Acad. Antônio Márcio Junqueira Lisboa

dr lisboaParte 4

 

A Fundação Hospitalar do Distrito Federal

   

Tendo sido obrigado a me afastar da Universidade de Brasília em função da perseguição que vinha sofrendo, que culminou com a prisão de meu único filho que ali estudava,  fui convidado para trabalhar no Ministério da Saúde, onde fiquei cerca de seis meses. Deixei o Ministério por ter aceitado um convite do Secretário de Saúde para ser diretor da Divisão de Seleção e Controle da Fundação Hospitalar, atividade ligada ao ensino, principalmente ao Internato e Residência. Tivemos a oportunidade de produzir vários manuais e ministrar cursos ligados às áreas da saúde.

Esqueci-me de contar-lhes que nessa época, 1977, foi aberto concurso para contratação de médicos. Quiseram convencer-me de que eu poderia ser efetivado em função dos meus títulos. Recusei. Como o concurso seria realizado pela minha Divisão, pedi licença do cargo, inscrevi-me, e fiz o concurso, juntamente com meus ex-alunos, que não deixaram de fazer gozação.   Fui aprovado em primeiro lugar, em função dos títulos, e fui efetivado.

Em Taguatinga, fui designado para chefiar o berçário. Voltei às mesmas atividades que tinha no Hospital dos Servidores. O Chefe  do Serviço de Pediatria era o Luiz Osório Serafim, que havia sido meu residente no Hospital dos Servidores e meu Chefe de Clínica na Universidade de Brasília. Serafim,  foi um excelente colega e pediatra. Houve um desentendimento entre ele e o Secretário de Saúde e ele pediu demissão. Foi nomeado outro chefe da Pediatria. Algum tempo após, pediram-me para assumir a chefia.

Em Taguatinga, criamos um programa chamado Internato Rotativo Integrado, que foi elogiado pelo Ministério da Educação.  Continuando o trabalho do Serafim, trabalhamos no sentido de melhorar o Banco de Leite e mostrar sua importância nos cuidados aos recém-nascidos. Em 2014, o Banco de Leite do Hospital de Taguatinga era considerado o mais importante do país.

Ainda na Fundação Hospitalar, fui nomeado Diretor do Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos para a Saúde e, ao final da minha gestão, a pedido do Governador José Aparecido de Oliveira, assumi a direção da Coordenaria de Planejamento da Fundação do Serviço Social (FSS), onde apresentamos um projeto para criação dos Centros Integrados de Desenvolvimento Infantil – CIDI.

As Academias

Academia de Medicina de Brasília

Resolvi fundar a Academia de Medicina de Brasília, com o objetivo de congregar profissionais altamente conceituados em nossa cidade. Com essa finalidade, em outubro de 1989, convidei João da Cruz Carvalho, Elias Tavares Araújo, Laércio Moreira Valença e alguns outros colegas para participar da fundação da Academia – Francisco Pinheiro Rocha, Wilson Sesana, Tito Andrade Figuerôa, Hélcio Luiz Miziara, Manoel Ximenes Neto, Pedro Luiz Tauil, Sérgio da Cunha Camões, Rosely Cerqueira de Oliveira. No dia oito de novembro do mesmo ano foi eleita por aclamação a primeira diretoria – Presidente: Antonio Márcio Junqueira Lisboa; Vice: Francisco Pinheiro Rocha; Secretário: Laércio Valença; 1º Secretário: Manoel Ximenes Neto; 2º Secretário: Rosely Cerqueira Oliveira; Tesoureiro: Elias Tavares de Araújo; Bibliotecário: Pedro Luiz Tauil.  Com o passar dos anos, foram aceitos na Academia vários colegas de reconhecida competência profissional. Ocupo a Cadeira número 1 e escolhi para patrono o meu inesquecível mestre Luiz Torres Barbosa.

 

Academia Nacional de Medicina

Um de meus sonhos era pertencer à Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro. Em 1991, recebi a visita dos professores Jorge de Marsillac e Geraldo Halfeld, respectivamente Presidente e Secretário da Academia Nacional de Medicina respectivamente, que informaram que me fora outorgado o título de Membro Honorário da Academia Nacional de Medicina. Fui o primeiro médico de Brasília a ingressar na Academia Nacional de Medicina, o que muito me envaideceu.

 

Academia Brasileira de PediatriaEm 1997 foram escolhidos os membros do Conselho Acadêmico da Sociedade Brasileira de Pediatria, hoje Academia Brasileira de Pediatria, em eleição nacional. Consegui que o Dr. Luiz Torres Barbosa, meu mestre e amigo, fosse o patrono da Cadeira 17, ocupada por mim.

 

Academia Leopoldinense de Letras e Artes Eleito, escolhi como patrono o  pintor leopoldinense e grande amigo de meu pai, Funchal Garcia. Tomei posse na casa da presidente, Deia Junqueira, minha prima.

Para terminar

Estou com 94 anos, 70 deles praticando a Medicina das Crianças. Tive a felicidade de ter os pais que todas as crianças desejariam ter. Consegui fazer do nosso lar um porto seguro, onde impera o amor, carinho e segurança. Fui casado com duas mulheres maravilhosas. Tivemos cinco filhos, 8 netos e 5 bisnetos, que só nos proporcionaram alegrias. Foram milhares de amigos inesquecíveis. Fui professor durante 30 anos e tive a felicidade de ver meus alunos praticando a medicina, com amor e competência. Escrevi 20 livros; plantei mais de 50 árvores. Deixo para vocês, principalmente para meus filhos, netos e bisnetos, uma linda mensagem de Benjamin Mays, que me serviu de guia, durante parte de minha vida. Só me resta agradecer a Deus pela vida que ele me proporcionou.

Deve-se ter em mente que a tragédia da vida não é não poder alcançar seus objetivos/ A tragédia da vida é não ter objetivos a alcançar/ Não é uma calamidade morrer sem poder realizar nossos sonhos/ Mas é uma calamidade não sonhar/ Não é um desastre ser incapaz de conquistar seu ideal/ Mas é um desastre não ter um ideal a conquistar/ Não é uma desgraça não poder alcançar as estrelas/ Mas é uma desgraça não ter estrelas a alcançar